O cantor e deputado Igor Kannário pediu uma vaia para a Polícia
Militar da Bahia na tarde desta segunda-feira (24), quando puxava sua pipoca no
Campo Grande. De cima do trio, ele viu a PM passando com agressividade para
desfazer uma rodinha em meio aos foliões.
"Peço à
imprensa, filma isso aí. Isso é abuso de poder, aubuso de autoridade. Quero uma
vaia para a Polícia Militar da Bahia", afirmou, sendo atendido. Os foliões
vaiaram e depois gritaram "Uh, é o Kannário".
"Agressores,
agressores! Venha me bater aqui em cima. Quero ver!", provocou.
Depois, ele
retomou a música Embrazando, mas um pouco à frente Kannário falou que a PM pode
fazer algo contra ele. "Se acontecer alguma coisa comigo, quem mandou me
matar foi alguém da Polícia Militar", acrescentou.
Procurada, a
Secretaria da Segurança Pública (SSP) não quis comentar as declarações do
parlamentar. Mais tarde, a Polícia Militar divulgou uma nota de
repúdio. "Além da atitude irresponsável e criminosa o também deputado
federal incitou os foliões contra os policiais militares que faziam o
policiamento do circuito Osmar. É inaceitável que qualquer pessoa, ainda mais
um parlamentar, tente comprometer a honra da instituição e de policiais
militares que estão comprometidos e empenhados na defesa da sociedade baiana.
Todas as medidas judiciais cabíveis que o caso requer serão adotadas", diz
a nota.
Mais tarde,
Kannário não ficou calado e divulgou uma nota para a imprensa dizendo que 'não
irá se calar quando excessos forem cometidos'. Leia a nota divulgada pela assessoria
de imprensa do artista:
"O deputado federal Igor Kannário vem a público esclarecer
os fatos ocorridos nesta segunda-feira (24) durante a passagem da pipoca do
cantor pelo circuito Osmar (Campo Grande). Kannário informa que, ao observar um
tratamento agressivo de alguns policiais militares contra foliões, solicitou
uma abordagem adequada dos profissionais. O deputado ressalta seu respeito e
admiração pela instituição Polícia Militar, que tanto se dedica diariamente aos
baianos. Contudo, Kannário enfatiza que não irá se calar quando excessos forem
cometidos, como ocorreu nesta segunda. O parlamentar baiano frisa, ainda, que
este foi um caso pontual da atuação da PM durante a passagem da pipoca do
Kannário pelo Campo Grande. Inclusive, no início do desfile, o cantor pediu
aplausos para a PM e para os policiais que estão trabalhando arduamente neste
Carnaval. Destaca também que sua pipoca foi, mais uma vez, um grande sucesso de
público, com uma linda festa no circuito Osmar, marcada pela paz e pela diversão
dos foliões. Mantenho meu imenso respeito pela Polícia Militar, valorosa
instituição que tanto orgulha a Bahia. Mas ressalto que não vou me calar diante
dos excessos, ainda mais contra a minha pipoca, que saiu das favelas para fazer
uma festa linda na Avenida. Sou um político que tenho lado, e meu lado é o
povo".
Ainda
no desfile, Kannário pediu para a imprensa filmar cenas e também para
os foliões "abrirem" para a PM passar. "Abre aí para esses
bunda-mole passarem". Também pediu que o público ajudasse uma gestante que
passava mal a conseguir passagem.
Ao passar pela
frente do Castro Alves, Kannario voltou a falar da ação da Polícia
Militar. Ao ver mais uma ação da polícia partindo para cima dos foliões,
pediu para baixar a música e disse: "Alô imprensa da Bahia! Tem que
mostrar esse abuso de poder, esse desrespeito com cidadãos que pagam seus
impostos e ajudam e pagar salário deles (policias)".
"Depois
dizem que Kannario procura confusão com a polícia. Não é isso não. É certo pelo
certo. Quem tá errado tá errado", disse.
Metros à
frente, voltou a comentar: "Essa guarnição aqui tem educação.
Parabéns! Tá fazendo o certo. Pedindo licença. Quem eu vir agredindo eu vou
falar daqui de cima mesmo".
Mais cedo, a
pipoca do cantor teve que ser interrompida. Ao todo, o trio ficou cerca de 20
minutos parado, retomando às 16h25. "A gente vai esperar o Mudança do
Garcia adiantar o lado. O que eu quero é cantar mas não tem como cantar
parado", afirmou.
Quando voltou a
tocar, Kannario perguntou: "podemos 'embrazar' agora?". E puxou
Embrazando. Mas na hora de fazer a curva e entrar na avenida do Castro Alves, a
pipoca teve que parar de novo.
"A gente
só vai entrar na avenida quando for a nossa hora. Só vamos entrar quando o
Mudança sair. Vamos respeitar o Mudança do Garcia", disse Kannario.