Após o ex-ministro Sergio
Moro divulgar uma conversa pessoal com a deputada Carla Zambelli (PSL-SP), o
PSOL protocou um pedido de cassação do mandato dela na Corregedoria e no
Conselho de Ética da Câmara. O partido acusa a parlamentar de abusar de suas prerrogativas
ao tentar convencer Moro a aceitar uma vaga do Supremo Tribunal Federal (STF)
em troca da substituição do então diretor-geral da Polícia Federal (PF),
Maurício Valeixo.
De acordo com
os registros do WhatsApp do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, a
deputada implorou para que ele aceitasse o então diretor da Abin, Alexandre
Ramagem, na diretoria-geral do órgão para que, em setembro, o presidente Jair
Bolsonaro (sem partido) o indicasse para o STF.
"Eu me
comprometo a ajudar. A fazer o JB [Jair Bolsonaro] prometer", clama a
deputada ao que Moro responde: "Prezada, não estou à venda". Vale
lembrar que o ex-ministro foi padrinho de casamento da deputada, o que explica
a proximidade entre os dois.
Na avaliação do
PSOL, essa postura de Zambelli configura "quebra de decoro
parlamentar". Segundo informações do jornal O Globo, a sigla aponta que
ela cometeu os crimes de "advocacia administrativa" e "prevaricação"
ao utilizar o cargo institucional para a defesa de seus próprios interesses e
também ao não "denunciar às autoridades públicas as ações ilegais do
presidente da República", em referência à acusação de Moro de que
Bolsonaro tentou interferir na PF para obter relatórios de inteligência.
"A
deputada bolsonarista, ora representada, é mais uma peça na engrenagem que tem
por objetivo blindar o Presidente da República e seus aliados diante das
investigações da PF. Não restam dúvidas, portanto, que a deputada tentou
negociar uma vaga no Supremo Tribunal Federal em troca da blindagem ao
presidente da República e seus filhos. A Câmara dos Deputados deve dar uma
resposta contra a verdadeira organização criminosa que busca intervir na
Polícia Federal para beneficiar um grupo político", descreve a
representação.
Em resposta ao
jornal, Zambelli minimizou o processo. "Vai ser um prazer responder. Não
quebrei o decoro em momento nenhum", frisou. Ela lembra que essa já é a
terceira acusação por quebra de decoro que enfrenta e não hesita em dizer que,
se o que faz representa isso, vai continuar "enfrentando vários
processos".