Em decisão publicada neste domingo
(4), o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) considerou abusiva a greve
deflagrada na última quarta-feira (30) pelo Sindicato dos Trabalhadores em
Educação de Pernambuco (Sintepe), que representa os servidores da rede estadual
de ensino. A paralisação foi aprovada pela categoria depois que o Governo do
Estado liberou o
retorno das aulas presenciais no ensino
médio a partir do dia 6 de outubro, próxima terça-feira.
Na decisão, o desembargador Fábio
Eugênio Dantas de Oliveira Lima ordenou que o sindicato “encerre imediatamente
a greve” ou, caso não tenha iniciado a paralisação, “não a inicie”. Caso a
determinação não seja cumprida, o órgão sindical terá de pagar uma multa diária
de R$ 50 mil.
A ordem judicial responde a uma ação
movida pelo Governo, que argumentou ter tomado a medida de autorizar a volta
das atividades presenciais com base em “estudos de realidade epidemiológica de
todas as regiões do estado”. No texto, o desembargador Oliveira Lima considera
que “a educação é um direito básico fundamental” e que a greve deflagrada pelo
Sintepe descumpre o artigo 13 da Lei 7.783/1989 (Lei de Greve) por não ter
informado o Governo sobre a paralisação “com a antecedência mínima de 72 horas”.
Procurada pela Folha de Pernambuco, a Secretaria
Estadual de Educação e Esportes informou que não comentará a determinação
judicial. Já o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe)
disse que ainda não foi notificado, mas recorrerá da decisão. Por meio de
nota, a representação sindical declarou ainda que manterá a assembleia
geral marcada para esta segunda-feira (5), às 14h30.
Leia, na íntegra, a nota do Sintepe:
O Sintepe reafirma a realização da
Assembleia Geral da Categoria, que ocorrerá amanhã, segunda-feira, 5 de
outubro, às 14h30, em formato virtual. O Sintepe considera legítimo e não
abusivo nosso direito à greve e garante que foram cumpridos os requisitos
legais.
Defendemos a vida e a saúde
dos profissionais da educação e da comunidade escolar!
O anúncio da permissão para o retorno do ensino presencial
nas escolas após seis meses de suspensão, feito há duas semanas, tem gerado
reações da categoria desde 24 de setembro, quando o Sintepe aprovou estado de
greve. No dia 30, a paralisação foi decretada durante assembleia virtual que
contou com a participação de 1.500 profissionais. Na mesma data, o Sindicato
dos Professores de Pernambuco (Sinpro), que representa os docentes da rede
privada, também declarou estado de greve.
Entre os argumentos defendidos pelos servidores para serem
contrários à retomada, estão alegações de que eles não foram ouvidos na
elaboração dos protocolos sanitários e que a volta oferece risco à saúde dos
alunos e funcionários. Já a Secretaria de Educação afirma que trabalha na
manutenção do diálogo e que tem tomado todas as medidas para que o retorno seja
realizado de forma segura.