Levantamento de Frente Nacional de Prefeitos (FNP) indica que o oxigênio para pacientes de Covid está prestes a acabar em pelo menos 76 municípios de 15 estados, incluindo 10 municípios baianos. A entidade enviou questionários a 2,5 mil das 5.570 prefeituras. Destas, 574 responderam nestas quinta (18) e sexta-feira (19).
Na Bahia os 10 municípios que alertaram para a falta de oxigênio foram:
Amélia Rodrigues, Taperoa, Jeremoabo, Conceição de Feira, Cachoeira, Entre
Rios, Milagres, Itagimirim, Barra e Uauá.
- Jeremoabo - Sim. Em decorrência dos aumentos de casos e necessidade da
utilização deste, estamos tendo dificuldade de acompanhar o consumo e com
base em estudos prevemos que a partir do dia 30 deste teremos dificuldade
de manter o abastecimento no quantitativo necessário. Lembro ainda que não
dispomos de uma rede de abastecimento e sim de torpedos.
- Uauá - Sim. O município tem previsão de desabastecimento em razão
da intensificação da demanda regional por Oxigênio, as usinas da região
podem ficar sobrecarregadas causando complicações no abastecimento de
Oxigênio e como consequência disso, o comprometimento dos serviços de
saúde.
As 76
prefeituras responderam “sim” à pergunta “Seu município tem previsão de
desabastecimento de oxigênio que poderá comprometer os serviços de saúde?” — e
depois relataram as situações específicas.
Questionado, o
Ministério da Saúde informou que realiza “monitoramento constante sobre a
demanda de oxigênio medicinal nos estados e municípios brasileiros”. De acordo
com a pasta, Ministério da Saúde, Casa Civil e Ministério da Economia estão
estimulando o aumento da produção nacional e a importação de cilindros para uso
hospitalar. “Lotes iniciais de cilindros que foram obtidos por requisição,
junto à indústria, serão repassados, já na próxima semana, a diversos estados e
municípios”, informou o ministério.
No último dia
15, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou em entrevista em Brasília:
“O que o Ministério da Saúde tem a ver com produção, transporte e logística de
oxigênio?” Quando da crise de abastecimento de oxigênio no Amazonas, em
janeiro, o presidente Jair Bolsonaro disse que não era atribuição do governo
federal enviar o insumo para o estado.
Na capital do
Acre, Rio Branco, a prefeitura apontou dificuldade para conseguir oxigênio
desde o final de fevereiro e argumenta que os valores para a compra são
“exorbitantes”.
Ibiapina, no
Ceará, e Delfim Moreira, em Minas Gerais, informaram que já estão sem oxigênio
e recorrendo a cidades vizinhas para reposição.
De acordo com a
Prefeitura de São João do Sabugi, no Rio Grande do Norte, o estoque de oxigênio
da cidade é suficiente para, no máximo, cinco dias. As prefeituras de
Guaraciaba do Norte e Granja, ambas no Ceará, relataram que o oxigênio acabaria
em 48 horas.
Diversas
prefeituras apontaram previsões para fim do estoque em duas semanas ou até um
mês, com a ressalva de que um aumento de casos de Covid comprometeria ainda
mais a disponibilidade do insumo. Em janeiro, Manaus enfrentou um colapso da
rede de saúde em razão da escassez de oxigênio.
Documentos apontaram que mais de 30 pessoas morreram nos dois dias de pico do esvaziamento do gás. Pacientes passaram a ser transferidos para outros estados a fim de aliviar a pressão sobre o sistema de saúde local.