O aumento de despesas e a
queda na receita com publicidade fizeram o lucro líquido do grupo Globo cair
78% em 2020, para R$ 167,8 milhões.
As
despesas financeiras —encargos e juros de empréstimos e financiamentos—
dispararam 385%, para R$ 1,9 bilhão. Com a alta do dólar no ano passado, a
dívida da Globo passou de R$ 3,47 bilhões para R$ 5,4 bilhões.
Já
a receita líquida consolidada com vendas, publicidade e serviços —principal
fonte de renda do grupo— caiu para R$ 12,5 bilhões em 2020, de R$ 14 bilhões de
2019.
"Os
efeitos da pandemia da Covid-19 provaram ser mais graves do que originalmente
estimado, tanto no Brasil quanto no exterior, e ainda é particularmente incerto
como a economia em geral responderá aos vários pacotes de estímulo coordenados
pelo governo", diz a administração do grupo em balanço publicado nesta
sexta-feira (26).
De
acordo com a Globo, riscos macroeconômicos permanecem presentes no Brasil
"em um momento em que não há uma indicação clara de quando esta pandemia
irá recuar ou quando estará sob controle no país".
Para
lidar com os efeitos da pandemia sobre os negócios, o grupo criou um comitê de
crise, composto pelos principais executivos da companhia. São realizadas
reuniões frequentes para tratar de gestão de caixa, medidas de eficiência de
custos, renegociação de contratos, direitos de transmissão e exibição e
fornecedores de materiais, negociações de recebíveis de clientes estratégicos
afetados pela crise, ações de avaliação de crédito de clientes, entre outros.
Em
2020, a Globo arrecadou R$ 49 milhões na venda de capital imobilizado, por
exemplo, contra uma perda de R$ 2,4 milhões na mesma operação no ano anterior.
No
início da pandemia, a Globo ampliou a programação do jornalismo, atingindo 11
horas consecutivas de programação ao vivo e produções como séries e novelas
tiveram suas gravações interrompidas, o que comprometeu a exibição. Algumas
tiveram seus finais antecipados e outras tiveram que ser interrompidos
completamente.
A
pandemia também comprometeu o calendário de eventos esportivos dos quais a
Globo detém os direitos de transmissão. Dentre as mudanças, estão a Olimpíada e
a Eurocopa, que foram adiadas para 2021, e o Campeonato Brasileiro de Futebol,
adiado para ocorrer de agosto de 2020 a fevereiro de 2021.