O presidente Jair Bolsonaro voltou a dizer que a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, para que fosse aberta a CPI da Covid no Senado foi “interferência” junto ao Legislativo, com o objetivo de atingi-lo. Nesta quarta-feira, o plenário do STF decidirá se referenda ou não a determinação de Barroso, cumprida ontem pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
“É uma interferência, sim, desse ministro (Barroso) junto ao Senado, para me
atingir. Agora, repito: a temperatura está subindo e a população está em uma
situação cada vez mais complicada”, afirmou. “Há alguma notícia de desvio da
minha parte? Uma que seja (dizendo que) desviei R$ 1? Zero. O autor da proposta
de CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), (disse servir para) ‘apurar as omissões
do presidente’. É fazer palanque. Eu não vou interferir, nem posso, nem iria
interferir no Senado Federal”, disse Bolsonaro na manhã desta quarta-feira, 14,
para apoiadores no Palácio da Alvorada.
O
presidente também cobrou que CPI sirva para investigar governadores e
prefeitos. “Por que investigar omissões minhas e não de quem pegou dinheiro na
ponta da linha?”, argumentou. “Mandamos recursos e fizeram hospitais de campanha
maravilhosos”, disse. “Não são todos (os governadores). É uma minoria, mas
fizeram a festa”, completou. O presidente do Senado apensou os dois
requerimentos de CPI num só, ou seja, uniu as demandas e definiu o escopo das
investigações sobre as ações e omissões do governo federal, com destaque para a
crise em Manaus, no início do ano, e repasses a Estados e municípios. A
apuração sobre os repasses atendeu, em parte, a um apelo do presidente,e o
requerimento específico para isso foi elaborado no início da semana.
Bolsonaro
afirmou também que aguarda “uma sinalização do povo” para “tomar providências”
a respeito das consequências econômicas causadas pela pandemia da covid-19,
entre elas o aumento da fome e da miséria. Ao comentar a atuação do Supremo
Tribunal Federal, Bolsonaro disse que não quer brigar com ninguém, mas, segundo
ele, “estamos na iminência de ter um problema sério no Brasil”.