O ex-presidente da República
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi ao Twitter, no início da tarde desta
sexta-feira (21/5), para tentar evitar que os tucanos se ericem com a notícia
de que ele e o sucessor no Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), almoçaram
juntos no apartamento do ex-ministro Nelson Jobim, em São Paulo, no dia 12 de
maio.
O grão-tucano sabe que a
notícia, postada por Lula no Twitter pela manhã, com uma foto dos dois antigos
rivais juntos, ambos de máscara, trocando um cumprimento de punhos fechados,
pode irritar profundamente o governador de São Paulo, João Doria, que trabalha
para ser o candidato do partido ao Planalto no ano que vem.
Entenda
Os ex-presidentes Lula e FHC participaram de um
almoço, marcado a convite de Nelson Jobim, ex-ministro dos dois líderes. O encontro
ocorreu no apartamento de Jobim, na capital paulista, no último dia 12 de maio.
Jobim foi ministro da Justiça no primeiro mandato de FHC entre 1995 e
1997, membro do Supremo Tribunal Federal (STF) e
titular da Defesa nos governos Lula e Dilma, entre 2007 e 2011. “A convite do
ex-ministro Nelson Jobim, o ex-presidente Lula e o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso se reuniram para um almoço com muita democracia no cardápio”,
publicou a página oficial de Lula no Twitter.
Em outra publicação, o perfil do petista
informou que os ex-presidentes, que são antigos adversários políticos, tiveram
uma “longa conversa sobre o Brasil”. Críticas à gestão de Jair Bolsonaro (sem
partido) durante a pandemia de Covid-19 também foram pauta da conversa.
“Os ex-presidentes tiveram uma longa conversa sobre o Brasil, sobre nossa democracia, e o descaso do governo Bolsonaro no enfrentamento da pandemia”, publicou a página de Lula. Veja.
Elogios
Na última quarta-feira (19/5), Lula elogiou o antigo
adversário e disse que ambos “sempre tiveram uma disputa civilizada”.
Os comentários foram feitos após FHC afirmar, em entrevista ao programa
Conversa Com Bial, na dia anterior, terça-feira (18/5), que votaria no petista
em uma disputa contra Jair Bolsonaro.
A troca de afagos, portanto,
começou seis dias depois do encontro entre os dois ex-presidentes.
Na resposta ao elogio, o
petista avaliou FHC como um “intelectual” e disse que também votaria no
político em uma disputa contra Bolsonaro. “Ele me conhece bem, conhece o
Bolsonaro. Fico feliz que ele tenha dito que votaria em mim e eu faria o mesmo
se fosse o contrário. Ele sempre foi um intelectual e sabe que não dá pra
inventar uma candidatura”.
Jobim transita muito bem entre partidos de
todas as vertentes e, como ex-ministro da Defesa, tem ótima interlocução com
militares. Ex-deputado federal constituinte pelo então PMDB (hoje MDB), o
jurista hoje é presidente do Conselho de Administração do banco BTG Pactual.
Desde que deixou o governo Lula, Nelson Jobim tem sido insistentemente
procurado para exercer cargo público novamente – foi sondado inclusive para se
candidatar ao Planalto.