O feriado é santo, mas a parte profana não
será totalmente vivida em pelo menos 10 cidades baianas com aumento de
casos de covid-19. Em Lauro de Freitas, Ribeira do Pombal, Coronel João Sá,
Pedro Alexandre, Monte Santo, Adustina, Olindina,
Guanambi, Pindaí e Paulo Afonso, por decreto das prefeituras, a venda
de bebidas alcoólicas está proibida.
Segundo
as gestões municipais, a decisão visa evitar aglomerações e frear o avanço
da covid-19 na Bahia. O princípio que embasa a medida está no fato de que,
quando as pessoas bebem, ficam sem máscara e mais suscetíveis a não cumprirem o
isolamento social, um cenário propício para o aumento da
contaminação.
Por lá, a proibição da venda de bebidas começou nessa
quarta-feira (2) e vai até às 5h dessa segunda-feira (7), bem no período do
‘feriadão’. “Estamos batendo recorde de atendimento no pronto-atendimento covid
desde segunda-feira e é preciso que busquemos caminhos para mantermos o
controle na disseminação do vírus. Nossas equipes estão cansadas, mas elas não
parar de trabalhar. Agora, precisamos que a população faça sua parte”, pede.
Em Ribeira do Pombal, a proibição também vai até o fim do
feriadão. Mas lá, desde o dia 14 de maio que nenhuma bebida alcoólica pode ser
comprada no município. A assistente social Arlene Chaves, 69 anos,
não dispensa uma cervejinha, mas revela estar de lei seca durante esse período.
“É claro que fico com saudades, mas quando isso acabar, a gente bebe. Por
enquanto, fico com um refrigerante, um suco e bebidas mais saudáveis”, diz. Ela
é a favor da medida.
Em surto, com seus 50 mil habitantes, Ribeira do Pombal
chegou a ser a quinta cidade da Bahia com mais casos ativos de covid-19 e teve
que entrar em lockdown. Segundo a prefeitura, graças a essas medidas, em 10
dias, os casos ativos caíram em 20% e as novas confirmações
diminuíram 40%.
Paulo Afonso também enfrenta fase difícil e apostou na “lei seca”
Em Olindina, no Nordeste da Bahia, o Secretário de Saúde
Ivan Matheus Peixoto explicou que a decisão de proibir a venda de bebidas foi
tomada junto com o governo estadual. Lá, a medida também vai até o fim do
feriadão. “O governo da Bahia e nós entendemos que essa medida ajuda a evitar
reuniões e, por consequência, aglomerações, um dos principais vetores de
transmissão do coronavírus. Em feriados e períodos festivos, as pessoas tendem
a se amontoar”, disse.
Lauro de Freitas também quer evitar aglomerações
Na Região metropolitana de Salvador, a cidade de Lauro de Freitas é outra que vai proibir a venda de bebidas. Lá, a restrição começa na noite dessa quinta-feira, às 20h, e vai até o fim do feriadão, na segunda. O técnico em química Lucas Rodrigues, 23 anos, reduziu o consumo de bebida durante a pandemia e só vê a proibição com bons olhos.
Em
nota, a Sesab confirmou que a proibição da venda da bebida alcoólica
tem como objetivo evitar aglomeração e, assim, a propagação do vírus. A pasta
também aproveitou para alertar que, se a as taxas de ocupação dos leitos de UTI
permanecerem acima de 75% em todas as regiões até amanhã (4), a venda de bebida
com álcool estará proibida em todo o estado, a partir das 20h da sexta até às
5h da segunda, como definido em decreto.
Já
a coordenadora do curso de medicina do campus Eunápolis da Rede UniFTC, a
epidemiologista Lucélia Magalhães é crítica das medidas que proíbem a venda de
bebidas alcoólicas. “Eu não conheço nenhum estudo que compare o impedimento da
venda de bebidas alcoólicas com a diminuição da transmissibilidade de covid e,
consequentemente, diminuição de casos e mortes”, argumenta. Ela acredita que,
depois que a restrição se prolonga, haverá o crescimento do mercado ilegal, já
que o consumo de bebidas não está proibido.
Por
sua vez, o infectologista da SOS Vida, Matheus Todt, defende que a proibição de
bebida pode ser uma medida eficaz se acompanhada com outras iniciativas. “É uma
medida que funciona num contexto de aumento de restrições. Não há 100% de
certeza da sua efetividade, pois, de fato, não há um estudo. Mas é algo que faz
sentido, pois visa restringir a mobilidade das pessoas”, diz.
Quanto
ao crescimento do mercado ilegal no período de restrições, o médico acredita
que isso não deve ser levado em conta no momento. “Tem um mercado ilegal para
muitas coisas. Sempre vão haver contravenções. A fiscalização é importante para
evitar isso. E a população precisa ser influenciada a aderir bem as medidas. o
que não vem acontecendo”, relata.
Cidades com venda de bebidas alcoólicas proibidas por decreto municipal:
Coronel João Sá - até 3 de junho;
Paulo Afonso - até 6 de junho;
Lauro de Freitas – até 7 de junho;
Ribeira do Pombal - até 7 de junho;
Monte Santo - até 7 de junho está proibida a venda para consumo no local.
A pessoa pode, no entanto, comprar sua bebida e levar para beber em casa;
Olindina - até 7 de junho;
Guanambi - até 7 de junho;
Pindaí - até 7 de junho;
Adustina - até 12 de junho;
Pedro Alexandre - até 15 de junho;