Em pleno pico da
pandemia, a Prefeitura de Itabaiana desembolsou R$ 458.700 mil com objetivo de
lavar e desinfectar monumentos, prédios e praças públicas do município. Os
valores foram gastos em junho de 2020 e a empresa responsável pelos serviços
foi a Torre Empreendimentos Rurais e Urbanos LTDA, conhecida por se envolver em
processos judiciais.
De acordo com o
edital do processo licitatório, a empresa vencedora teria a responsabilidade de
cumprir os serviços de lavagem e desinfecção utilizando desinfetante e
hipoclorito de sódio com concentração 1%, logo após a varrição e recolhimentos
de todos os resíduos do local. O que chama a atenção é o tempo de limpeza de
apenas 30 dias e não diário.
As informações
foram obtidas pelo edital da licitação e não pelo contrato, pelo fato do Portal
da Transparência não disponibilizar todo o material. O Fan F1 entrou em contato
com o Secretário de Comunicação do município e ele justificou que as
informações não constam porque o contrato foi cancelado, porém, até o
fechamento desta reportagem, não disponibilizou nenhum documento comprovando a
sua fala.
A reportagem fez
uma busca nas redes sociais da Prefeitura de Itabaiana e, no mês de junho de
2020, foram publicadas imagens e vídeos com funcionários da Torre executando
esses serviços citados acima, inclusive, um vereador da oposição, que pediu
para não ser identificado, confirmou que o contrato foi executado e que os
valores são maiores do que constam no edital.
Ainda segundo esse
vereador, a lavagem gerou repercussão negativa na cidade, principalmente, por
conta dos valores empenhados e também pela a qualidade da água. Segundo ele, a
captação estava sendo feita em um açude contaminado. Na época, a Secretaria de
Saúde justificou que os produtos químicos utilizados seriam suficientes para
tratar a água.
Para você ter uma ideia dos valores pagos pela gestão de Valmir de Francisquinho, a Prefeitura de Aracaju, por exemplo, que tem uma população quase 7x a mais do que Itabaiana e tem uma área urbanizada muito maior, gastou apenas R$ 99.860 com recursos da Covid-19.
MEDIDA NÃO É EFICAZ
A infectologista Josy Erreria afirmou que esse
tipo de desinfecção não é 100% eficaz contra a Covid-19, essencialmente, por
conta da contaminação do vírus ser maior por via aérea. “A eficácia não é
comprovada para que essas limpezas de ruas e monumentos diminuam o coronavírus,
porque a contaminação deste se dá mais por via área do que por contato. Então,
o mais efetivo é a limpeza das mãos dos artigos e, ao higienizar os artigos, que
sejam os que mais tem contatos, a exemplo de maçanetas de portas, descargas de
banheiro (...)”, explicou.