O presidente Jair Bolsonaro demitiu o ex-cunhado
André Siqueira Valle do cargo de assessor por não entregar a maior parte do seu
salário para um suposto esquema de rachadinha. O caso teria ocorrido quando
Jair Bolsonaro ainda era deputado federal e foi revelado por gravações da irmã
do assessor, Andrea Siqueira Valle, obtidas pelo UOL.
André Siqueira é irmão da segunda
mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Bolsonaro se casou com ela em
1998 e desde então pelo menos 18 parentes de Ana Cristina foram nomeados a
cargos em seu gabinete ou no dos filhos Carlos e Flávio.
As nomeações são alvos de investigação
por um suposto esquema de funcionários fantasmas e rachadinhas que chegam a 90%
do valor do salário dos nomeados. De acordo com as gravações, André se negou a
entregar parte do seu salário e então foi demitido a pedido de Bolsonaro:
“O André deu muito problema porque ele
nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha
que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até
que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele nunca me devolve o dinheiro
certo’. Não sei o que deu pra ele”, conta Andrea em um trecho do áudio.
Além dos áudios, Andrea teria revelado
em pelo menos outras duas ocasiões a fontes próximas a ela o esquema de desvio
de salários operado no gabinete de Jair, segundo a reportagem.
André trabalhou no gabinete de Jair
Bolsonaro entre novembro de 2006 a outubro de 2007. Neste período seu salário
era de 6.010,78 reais. Apenas nos últimos 15 dias, em uma breve mudança de
cargo antes de ser exonerado, passou a receber metade deste valor, cerca de 3
mil reais.
Antes de ser nomeado no gabinete de
Jair Bolsonaro, André também ocupou cargo no gabinete de Carlos Bolsonaro,
entre 2001 e 2005 e depois de fevereiro de 2006 até novembro daquele ano,
quando foi nomeado por Jair.
Já a irmã Andrea, autora das gravações,
é o centro da investigação de esquema de rachadinha no gabinete de Flávio
Bolsonaro. Ela ocupou cargos nos gabinetes de Jair, Carlos e Flávio durante
vinte anos.
De acordo com a investigação, no
período em que ocupou os cargos, Andrea frequentava academias três vezes ao dia
e fazia bicos de faxineira. Enquanto esteve no gabinete de Flávio, ela ainda
teria sacado em dinheiro mais de 98% dos seus vencimentos, 663 mil reais.