Acesso a mananciais,
possibilidade de expansão e escoamento da produção - e em terra por onde passa
um rio como o São Francisco: uma receita de sucesso.
Reconhecida
como um dos principais polos da cadeia do agronegócio na Bahia, o Mercado do
Produtor, em Juazeiro, acaba de atingir a marca de movimentação média de R$ 10
milhões por dia, com a comercialização de 100 milhões de quilos de produtos
também diariamente. Não por um acaso, a região de Juazeiro e municípios
adjacentes ainda torna a Bahia o segundo maior estado produtor de fruticultura
do Brasil.
Os
números são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), conforme aponta o
diretor-executivo da Autarquia Municipal de Abastecimento (AMA) de Juazeiro,
Britoaldo Alves Bessa. O mercado de Juazeiro só é menor que a Companhia de
Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) e as centrais de
abastecimento (Ceasas) do Rio de Janeiro (RJ) e de Belo Horizonte (MG). No ano
passado, o Mercado do Produtor de Juazeiro movimentou R$ 2,8 bilhões.
“Juazeiro
tem todas as condições para, a curto prazo, ganhar mais uma posição no ranking
nacional, a fim de se tornar na terceira mais importante e movimentada
estrutura de entreposto do país. Temos uma área de 86 mil metros quadrados e
estamos desenvolvendo projetos de ampliação. Também montamos, dentro de nossa
estrutura, um setor de licitações, agilizando e dando maior segurança aos
nossos processos de compra”, pontua Bessa.
Atualmente,
o Mercado do Produtor ocupa a posição de quarto maior entreposto do país. São
cerca de 1.350 permissionários com grande variedade de produtos que recebem, em
média, 10 mil pessoas por dia. E dá para entender porque o município é o maior
polo de fruticultura do estado. A produção de manga e uva da região, sem contar
as outras culturas, responde por um faturamento anual em torno de R$ 2 bilhões.
Deste montante, R$ 440 milhões vêm dos frutos destinados à exportação.
O
diretor atribui o resultado também à alta movimentação, já que o equipamento
funciona 20 horas diariamente, quando inicia as atividades às 2h da manhã até
às 22h. Nos domingos, o local mantém a operação por quase 24 horas.
“Todos
os agricultores aqui que produzem na região comercializam no Mercado do
Produtor, que hoje distribui para todo Brasil e em especial, às regiões Norte e
Nordeste”, complementa.
Expansão
Proprietário
do box Comercial de Frutas Filé da Bahia, Gerson Carneiro vende manga há mais
de 20 anos. A época do melhor preço para quem distribui o produto é de janeiro
a maio. E para quem compra, quando a fruta tem maior oferta, é a partir do mês
que vem. “No geral, o pessoal vem mais do Maranhão, Piauí, Ceará, Paraíba e de
Feira de Santana e Salvador, além das cidadezinhas ao redor da cidade. Minhas
maiores vendas são na Bahia mesmo, porque é quem compra as mangas menores, o
que chamamos de 'miúda'”.
Desde
1991, Gerson frequentava o mercado com o pai e, três anos depois, começou a
trabalhar com a família. Antes da manga ele vendia melão.
“Meu
pai sempre trabalhou nesses mercados. Ele veio conhecer Juazeiro, gostou e
ficou aqui. E desde então, a gente trabalha com frutas”, completa.
Já
Francisco Pereira é dono do box Tico da Uva. Por mês, ele comercializa 30 mil
quilos da fruta. “Compro direto da roça. A melhor venda é justamente agora, de
setembro a dezembro. A uva do Vale do São Francisco tem muitas variedades e
qualidade de primeira, que não se tem aí fora. Além disso, a produção é o ano
inteiro”.
No
momento, todas as expectativas de expansão estão voltadas para a ampliação da
estrutura do Mercado Produtor, como pontua o secretário da Agência de Desenvolvimento
Econômico, Agricultura e Pecuária (Adeap), Carlos Neiva.
“O
agronegócio é a matriz da nossa economia. Agora vamos caminhar para uma coisa
muito maior. Estamos com um projeto de um novo centro agroalimentar com área
dez vezes maior que o Mercado do Produtor, ou seja, vamos acrescentar na
estrutura que já temos hoje, tudo que existe ali no entorno e nos seus
distritos. Sem dúvida, isso vai colocar Juazeiro na ponta em volume financeiro,
quando comparado a outros mercados do país”.
Potencial fruticultor
Um
quarto de todas as riquezas geradas no estado vem do agro. A fruticultura torna
Juazeiro maior polo baiano na produção de frutas. De acordo com dados da
Superintendência de Estudos Econômicos (SEI), o produto interno bruto (PIB) do
agronegócio cresceu de 4% no primeiro trimestre de 2021, isso sem falar na
participação do setor na economia baiana que compreende cerca de 25%.
O
secretário estadual da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura
(Seagri), João Carlos Oliveira, ressalta que, sozinho, o Mercado Produtor de
Juazeiro gera 6 mil empregos diretos para o setor.
“Juazeiro
é ponto de partida da comercialização desses produtos, além de ter um bom solo
e contar com o uso das tecnologias mais avançadas possíveis. Fora todos esses
fatores, o município tem água para ampliar a irrigação e muita área para
expandir a fruticultura. É um mercado estratégico e de extrema importância para
a economia do estado”, reforça o secretário.