Na
música “Fora da Ordem”, o baiano Caetano Veloso narra em seus versos o contexto
de um Brasil em que crianças são utilizadas pelo narcotráfico e se escondem nas
ruínas de uma escola ainda em construção. “Aqui, tudo parece que era ainda
construção e já é ruína”, resume a canção, em uma mera descrição das realidades
brasileira e baiana, de obras públicas que começam e não terminam.
Dentre as 3.665 obras inacabadas ou paralisadas na
área de Educação em todo o Brasil, 381 estão na
Bahia, um percentual superior a 10% do total do país, conforme dados divulgados
pelo deputado federal Paulo Azi (DEM-BA), coordenador do Comitê de Avaliação
das Informações sobre Obras e Serviços com Indícios de Irregularidades Graves
(COI), vinculado à Comissão Mista de Orçamento do Congresso (CMO).
"Pelas informações que obtivemos junto ao FNDE
[Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação], na Bahia, há convênios de 2007
e 2008. Nestes dois anos, temos 17 obras que estão na lista. Ou seja, há obras
que estão paralisadas ou inacabadas há 14 anos, o que é um grande absurdo”,
afirmou Azi, em entrevista ao Bahia Notícias.
As obras citadas pelo deputado do DEM são relativas
a escolas, creches, ginásios poliesportivos e outras na área de Educação,
apontada a cada eleição como setor chave para o desenvolvimento econômico e
social de qualquer estado.
“Justamente por isso estamos realizando um trabalho
para buscar soluções para que essas obras possam ser concluídas e entregues à
população", completou o parlamentar baiano.
Mas não é apenas no setor educacional que o estado
tem obras inacabadas ou paralisadas. Devido a indícios de irregularidades
graves, diversas outras intervenções estatais, nas mais diversas áreas de
investimento, estão paradas. É o caso das reformas na BR-116, que atravessa a
Bahia de cima a baixo, ligando as regiões Nordeste e Sul, passando ainda pelo
Sudeste, interrompidas após o Tribunal de Contas da União (TCU) apontar
problemas na sua execução.
Em entrevista dada à TV Câmara na última terça-feira
(7), Azi explicou que as obras na BR-116 estão paralisadas porque a empresa
responsável pela execução já judicializou a rescisão contratual. Com a saída da
concessionária, a segunda colocada da licitação deve dar prosseguimento às
intervenções na rodovia federal.