O PDT tem
enfrentado dificuldades para construir palanques fortes para seu pré-candidato, o ex-ministro Ciro Gomes, em alguns dos principais colégios eleitorais do país. Em
São Paulo, o partido deve ficar fora das articulações com o PSB, com quem esteve junto na eleição municipal do ano passado,
e estuda lançar como candidata ao governo estadual a ex-reitora da USP Suely
Vilela.
No Rio, o
ex-prefeito de Niterói e pré-candidato ao governo do estado, Rodrigo Neves,
deve oferecer espaço em sua campanha também para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Nesta quinta-feira, Ciro e o
presidente do PDT, Carlos Lupi, são esperados em Ribeirão Preto para filiar
Suely. No ano passado, ainda no PSB, ela recebeu 90 mil votos no segundo turno
da eleição para a prefeitura de Ribeirão Preto e perdeu a eleição. Enquanto era
reitora, enfrentou duas grandes greves. Uma delas, em 2009, durou 57 dias.
"(Minha candidatura ao governo)
entrou em pauta, sim, e nós estamos avaliando. Vamos ver o que é melhor para o
partido. Depende de um cenário estadual e um nacional", diz Suely.
A filiação da ex-reitora é parte de
um movimento do PDT para “furar a bolha” da esquerda. No último sábado, a
legenda filiou o tenente-coronel Mário Filho, ex-comandante da Rota, esquadrão
de elite da Polícia Militar. Além de fazer parte de uma categoria de baixa
identificação com a esquerda, o policial é sacerdote de terreiro de umbanda.
Ele deve ser candidato ao Senado.
Em fevereiro de 2020, Ciro esteve em
São Paulo para lançar a pré-candidatura de França à Prefeitura de São Paulo,
numa costura para ter apoio do PSB em 2022.
O xadrez eleitoral, no entanto,
mudou, e a reabilitação política de Lula, em março de 2021, reaproximou PT e
PSB. Carlos Siqueira, presidente do PSB, defende que o partido indique o vice
de Lula. Uma possibilidade é que esse nome seja o do ex-governador Geraldo
Alckmin, de saída do PSDB.
São Paulo deverá ser literalmente
central para Ciro em 2022. O presidenciável se prepara para se mudar para a
capital paulista em janeiro. O PDT considera que seu candidato estará mais
perto de importantes colégios eleitorais, como Rio, Minas e Porto Alegre,
viajando a partir da capital paulista. Integrantes do diretório municipal
procuram por um apartamento próximo ao aeroporto de Congonhas.
A importância em ter um palanque
exclusivo em São Paulo aumentou com a decisão de Rodrigo Neves de dividir
campanha com o PT no Rio. Neves, que se desfiliou do PT em 2015 após 18 anos,
defende que a crise no estado e o fato de ser um especial reduto eleitoral de
Jair Bolsonaro tornam necessário envolver um amplo arco de alianças “para
derrotar o bolsonarismo”, incluindo até o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD).
Neves se encontrou com Ciro em outubro e com Lula, em novembro.
"Conversei com todos, e existe
uma compreensão de que isso possa ser feito no Rio de Janeiro. Quero deixar
claro: nosso candidato é o Ciro, mas acredito na importância de a gente
construir o diálogo no campo progressista", afirma.