O município de Bom Jesus da
Lapa registrou o ápice da cheia do rio São
Francisco nno início da noite desta sexta-feira (29). O nível medido pela
estação fluviométrica do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM)
chegou a 9,11 m, superando em quase dois metros a marca de 2020, de 8,14 m,
consolidando-se com a maior cheia desde 1992, quando a cota chegou a 9,98 m.
Neste
sábado (30), o rio permaneceu com nível estável, variando entre 9,08 m e 9,09
m. A partir desde segunda-feira (31), o volume de água deve começar a cair,
tendo em vista que houve estabilização do nível em Carinhanha e Malhada,
distante cerca de 120 quilômetros rio acima de Bom Jesus da Lapa.
A cheia afetou a
rotina de moradores das comunidades ribeirinhas e ilhas do município. Os
restaurantes e barracas construídos às margens do Velho Chico estão submersos
há mais de duas semanas. A cheia também afetou plantações e pastagens, sendo
necessária a remoção de rebanhos em várias áreas.
Felizmente, as águas não
avançaram sobre a cidade, como ocorreu nas maiores enchentes já registradas nos
anos de 1979 e 1992.
Nas próximas cidades, como
Ibotirama, Paratinga, Morporá e Barra, o nível ainda vai subir mais alguns centímetros
nos próximos dias, até chegar no reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho.
O grande volume de água no rio é resultado das chuvas que caíram na
primeira semana de janeiro em Minas Gerais.
Devido à imensidão do rio, as águas de mais de 240 municípios mineiros vão
sendo drenadas lentamente até chegar à calha do rio e correr em direção à Bahia.
Das cabeceiras mais distantes dos afluentes, o tempo de viagem da água até a
Bahia passa de 20 dias.
Maiores
cotas do rio São Francisco em Bom Jesus da Lapa
- 1979 – 10,20 m
- 1992 – 9,98 m
- 1949 – 9,26 m
- 2022 – 9,11 m
- 1946 – 8,89 m
- 1983 – 8,52 m
- 1980 – 8,46 m
- 1990 – 8,40 m
- 2020 – 8,14 m
- 1982 – 8,08 m
- 1945 – 7,96 m
Norte de Minas
O rio São Francisco já diminuiu bastante o seu volume nas cidades do
Norte de Minas, porém continua em um patamar bastante elevado. Em São
Francisco, por exemplo, o pico foi atingindo no dia 21 e nove dias depois o
nível recuou 1,90 metros, permanecendo ainda cima da cota de inundação.
Em Manga, última cidade mineira bainhada pelo rio, a água chegou a
alcançar algumas ruas da cidade, mas já recuou 14 centímetros nas últimas 48
horas.
Bem mais acima, em Três Marias, o reservatório da hidroelétrica continua
liberando 3.000 m³/s de água no rio. A Cemig, empresa responsável pela usina,
informou que vai começar a fechar as comportas nesta segunda-feira (31).
Inicialmente, a programação era de interromper o vertimento até
sexta-feira (4), no entanto, devido às previsões de muita chuva nas cabeceiras, a
vazão vai ser apenas reduzida para 2.200 m³/s até
terça-feira (1º), quando será feita uma nova avaliação.
No dia 13 de janeiro, a hidroelétrica registrou a maior afluência da
história, chegando ao pico de 9.200 m³/s, superando a marca de 7.500 m³/s
registrada em 1983.
Sobradinho
As águas estão escorrendo lentamente pelo leito do rio a afluência máxima no reservatório da Hidroelétrica de Sobradinho deve ser atingido até o fim da semana. O reservatório está próximo de 68%, com afluência de 5.570 m³/s e defluência de 4.000 m³/s, patamar que deve ser mantido pelo menos até terça-feira (1º), quando a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) fará uma nova avaliação.
O aumento da defluência em Sobradinho mudou a paisagem das cidades até foz, como Juazeiro e Petrolina, e também afetou comunidades ribeirinhas e a rotina turística da região.