Apesar de ainda chamuscado
com a improdutiva usina de outsiders para concorrer à Prefeitura de Salvador
que auxiliares criaram e na qual ele próprio enganosamente apostou, o
governador Rui Costa (PT) parece ter se convencido de que a disputa com o
pré-candidato do prefeito ACM Neto (DEM), Bruno Reis, deve ser feita por
políticos tradicionais de seu campo e que há uma necessária tendência de
afunilamento entre eles para que a campanha seja disputada em melhores
condições de competitividade.
Em conversa esta semana com pelo menos dois interlocutores
diferentes, o governador admitiu a sobrevivência, entre os que estão colocados,
de pelo menos três nomes como representantes de seu grupo na sucessão de
Salvador. Ele acredita que as pré-candidaturas de Olívia Santana, do PCdoB, e
de Lídice da Mata, que ainda não foi oficializada pelo PSB, podem se converter
em apoio a um nome do PT, preferencialmente do deputado estadual Robinson
Almeida, solução pela qual poderia se empenhar.
Paralelamente ao nome petista, que representaria mais
marcadamente o campo de esquerda, coexistiriam as candidaturas do deputado
federal Sargento Isidório, do Avante, vocalizando o eleitorado mais popular, e
o do deputado federal Bacelar, do Podemos, segundo comentários nos meios
governistas, com melhores chances de avançar sobre fatia do eleitorado situado
ao centro e identificado com o representante democrata, principalmente se for
politicamente ajudado por seu grupo.
Nas duas conversas, Rui não declarou abertamente se acredita que
a nova modelagem em cuja construção aposta pode ser suficiente para desbancar o
candidato de ACM Neto do favoritismo que a oficialização do seu lançamento pelo
prefeito só deve ampliar, mas deu a entender que pode se transformar na opção
mais racional para que a campanha imponha a Bruno o enfrentamento de um debate
sobre o projeto para a cidade que foi hegemonizado pela administração municipal
atual.
Os dois interlocutores admitiram a este Política Livre que não tiveram
coragem de questionar o governador sobre o tempo mal consumido no grupo com as
discussões em torno do seu apoio ao nome do presidente do Esporte Clube Bahia,
Guilherme Bellintani, que passou a ser recentemente questionado por
pré-candidatos como Olívia Santana e nomes do próprio PT. Mas afirmam que o
encontraram aparentemente mais interessado na disputa do que antes de ter se
submetido à cirurgia que o obrigou a afastar-se de suas atividades
administrativas.