Uma racha na cúpula do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das maiores facções da América Latina, vem causando um clima de tensão no tráfico brasileiro. Apurações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) revelaram que uma rixa foi criada entre o líder Marco Willians Herbas Camacho, o 'Marcola', e Roberto Soriano, o 'Tiriça'.
De
acordo com a coluna Na Mira, do Metrópoles, o motivo da racha seria um diálogo
gravado entre Marcola com policiais penais federais, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Na
ocasião, o líder chamou o '02' da facção de "psicopata".
A declaração foi descoberta por 'Tiriça' quando a
gravação foi utilizada durante seu julgamento. O criminoso cumpre pena
atualmente na Penitenciária Federal de Brasília, junto a Marcola e outros
líderes do PCC, e foi condenado a mais de 31 anos de prisão por mandar matar a
psicóloga Melissa de Almeida Araújo, que trabalhava na prisão de segurança
máxima de Catanduvas (PR), em 2017.
A gravação
Ainda de acordo
com a coluna Na Mira, a primeira conversa entre Marcola e os policiais
aconteceu em junho de 2022. O '01' da facção falou sobre a "imagem"
que as pessoas têm dele: disse não ser um "cara bonzinho", mas
"perigoso de verdade". Destacou, contudo, que não era a favor de
"violência gratuita", nem de assassinar agentes penitenciários.
O líder do PCC ainda falou
sobre a suspeita que recai sob ele de mandar matar servidores. Ele alegou que
"não é da natureza" dele cometer esse crime e afirmou que não iria
"se tornar um psicopata desses igual ao Soriano".
Para Soriano, a
frase de Marcola teria sido uma espécie de delação. Se sentindo traído, ele se
juntou a Abel Pacheco de Andrade, o 'Vida Loka', e a Wanderson Nilton de Paula
Lima, o 'Andinho', para pedir a morte e expulsão de Marcola, sob justificativa
de "displicência" no comando da facção.
A cúpula do
PCC, contudo, não viu gravidade na fala de Marcola e emitiu um comunicado
decretando a expulsão de Soriano, Abel e Wanderson da organização criminosa por
"traição".
Soriano, o 'Tiriça'
Roberto Soriano
é o '02' do PCC e é visto como o cabeça da Ala Terrorista da facção, que é o
grupo radical que coordena a morte de autoridades. Aos assassinos de policiais,
a organização criminosa oferece o auxílio mensal de até R$ 5 mil.
Tiriça está há
mais de 10 anos cumprindo pena no SPF, mas foi transferido, em 2012, da
Penitenciária Regional de Presidente Venceslau para a Penitenciária Federal de
Porto Velho (RO).
As autoridades o
consideram um criminoso de altíssima periculosidade, com grande poder
financeiro e planos de fuga. Os investigadores chegaram a encontrar bilhetes
escritos por Soriano, quando ele ainda estava preso em São Paulo, com
determinações para o assassinato de policiais da Rondas Ostensivas Tobias de
Aguiar (Rota) da Polícia Militar do estado (PMSP).
O assassinato
da psicóloga de Catanduvas teria acontecido em uma ação de "protesto"
do PCC contra a "opressão" do Estado. Segundo eles, o esquema de
segurança não prevê visitas íntimas e o contato com advogados e parentes seriam
estritamente por meio de parlatório.