Valter Pomar, dirigente nacional do Partido dos
Trabalhadores (PT), publicou na manhã deste sábado (3) um manifesto em que pede
a impugnação da filiação de Marta Suplicy ao partido, confirmada em cerimônia
nesta sexta (2). Pomar é líder da tendência Articulação de Esquerda (AE),
conhecida por posições contrárias às alas majoritárias do PT, e baseou seu
pedido em declarações e posições da ex-prefeita que foram contra o interesse da
sigla nos últimos oito anos.
Pomar já havia se posicionado contra o retorno
de Marta desde os primeiros sinais de reaproximação da ex-prefeita com o PT,
partido em que ela esteve durante mais de três décadas e da qual estava
afastada desde 2015. O processo de aproximação foi mediado pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (PT), que busca a nomeação de Marta como vice na chapa do
pré-candidato Guilherme Boulos (PSOL) à Prefeitura de São Paulo.
As chances de o pedido ser
levado adiante são mínimas. O retorno de Marta, confirmado na sexta, já havia
sido aprovado pelo Diretório Municipal do PT por 12 votos a 1. A terceira
vice-presidente do PT paulistano, Barbara Corrales, foi a única que se opôs à
medida.
–
A refiliação de Marta Suplicy, sem qualquer balanço de seu passado pregresso, é
um elemento de desmoralização não dela, mas do partido – afirmou.
A
carta divulgada por Pomar na manhã deste sábado elenca, como argumentos, quatro
declarações públicas de Marta Suplicy no período após o rompimento com o PT.
Essas falas, segundo o dirigente, “são fatos inquestionáveis, duros de explicar
e de engolir”.
As
citações envolvem tópicos sensíveis ao PT e nos quais Marta se posicionou de
forma contrária aos interesses do partido, tais como o impeachment de Dilma
Rousseff, a reforma trabalhista de 2017 e os escândalos de corrupção envolvendo
petistas.
Para
Pomar, é irônico que os dirigentes adeptos do retorno da ex-prefeita ao PT
ignorem o posicionamento de Marta durante os oito anos em que ela esteve fora
do partido.
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Como se a partir de 2015 ela tivesse saído em viagem interestelar, regressando
só agora – satirizou no documento.
Na
noite desta sexta, Marta – que já foi ministra de Estado em governos do PT –
discursou na solenidade em que confirmou a filiação.
–
Eu estou de volta ao meu aconchego, à minha raiz – disse na ocasião.
Pomar
respondeu diretamente a esse discurso em seu manifesto.
–
Chega a ser desrespeitoso, depois de tudo o que aconteceu, sem que se faça um
mínimo balanço sobre o que ocorreu desde 2015, falar em voltar ao ‘aconchego’
do partido – criticou o dirigente petista.