Políticos de diversos espectros partidários questionaram a morte
do foragido da Justiça do Rio de Janeiro, Adriano Magalhães da Nóbrega,
suspeito de envolvimento com a execução da vereadora carioca Marielle Franco,
em 2018. Segundo a versão
oficial divulgada pela Secretaria da Segurança Pública da Bahia
(SSP-BA), o miliciano morreu em confronto com a polícia na
manhã deste domingo (9), em Esplanada (BA).
Deputado
federal no quarto mandato e secretário geral do PT, Paulo Teixeira, foi um dos
primeiros a se manifestar sobre o assunto. "Polícia Civil do Rio de
Janeiro mata capitão Adriano, amigo de Flávio Bolsonaro e chefe do escritório
do crime. Queima de arquivo?", declarou, nas redes sociais.
Paulo Pimenta,
que foi líder da Bancada do PT em 2018 e 2019, também comentou: "Adriano
da Nóbrega, agora morto, era peça valiosa no esquema criminoso da quadrilha que
está no Palácio do Planalto hoje. Foi homenageado por Jair Bolsonaro na tribuna
da Câmara, Flávio lhe deu a Medalha Tiradentes e Sérgio Moro o excluiu da lista
de mais procurados da Justiça".
Já Chico Alencar,
do PSOL, também lembrou da ligação entre Adriano e o clã Bolsonaro. "Vi
Bolsonaro, então deputado federal, vociferar, em 2005, contra a condenação do
miliciano homicida Adriano da Nóbrega. Vi Flávio, seu filho, dep estadual,
condecorar o condenado e empregar sua mãe e sua ex-mulher. Ligações estreitas!
Adriano sabia muito. A quem sua eliminação alivia?", escreveu.
A deputada
Sâmia Bomfim (PSOL) lembrou que "Adriano da Nóbrega era aliado do clã
Bolsonaro e líder do grupo de extermínio 'escritório do crime', acusado de
matar Marielle Franco". "Queima de arquivo? Mais uma tentativa de
obstrução da justiça? Quem mandou matar a nossa companheira? Exigimos
respostas".
A morte de Adriano
A operação envolveu equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais
(Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral
Norte e da Superintendência de Inteligência (SI) da SSP-BA. Ele passou a ser
monitorado por equipes da SI da SSP da Bahia, após informações de que ele teria
buscado esconderijo no estado. Nas primeiras horas da manhã ele foi localizado
em um imóvel, na zona rural de Esplanada.
No momento do
cumprimento do mandado de prisão, segundo a SSP-BA, ele resistiu com disparos
de arma de fogo e terminou ferido. Segundo a SSP, "o suspeito chegou a ser
socorrido para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos".
Com o foragido foi encontrada uma pistola austríaca calibre 9mm.
"Procuramos
sempre apoiar as polícias dos outros estados e, desta vez, priorizamos o caso
por ser de relevância nacional. Buscamos efetuar a prisão, mas o procurado
preferiu reagir atirando", comentou o secretário da Segurança Pública da
Bahia, Maurício Teles Barbosa, em nota.
Histórico
Adriano entrou para a PM no ano de 1996. Quatro anos depois, concluiu o curso
de operações especiais do Bope. Na corporação, fez amizade com Fabrício de
Queiroz, que trabalhou como assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ),
quando este foi deputado estadual. Ele chegou a ser homenageado por Flávio com
a Medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa carioca. A
mulher e a mãe de Adriano, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega e Raimunda
Veras Magalhães, trabalharam no gabinete do deputado estadual.