A escola de samba Beija-Flor de Nilópolis, que desfilou no domingo (11) pelo Grupo Especial do Rio, recebeu patrocínio de R$ 8 milhões da prefeitura de Maceió.
O presidente da Câmara, Arthur
Lira (PP-AL), desfilou pela diretoria da escola, que contou a história de Rás
Gonguila, figura histórica do Carnaval da capital alagoana. O prefeito João
Henrique Caldas, o JHC (PL), também acompanhou a Beija-Flor na Sapucaí.
No sambódromo, Lira
cumprimentou Anísio Abrão David, presidente de honra da Beija-Flor que já foi
condenado na Justiça por fazer parte da cúpula do jogo do bicho no Rio de
Janeiro.
Em 9 maio de 2023, a
prefeitura sinalizou, em publicação no diário municipal, a intenção de assinar
um "termo de fomento" com a Beija-Flor.
O documento afirmava que não
havia como realizar chamamento público para seleção de entidade para ser
patrocinada, "em razão na natureza singular do objeto da parceria",
"tendo por objetivo precípuo o fomento ao turismo e à cultura maceioense".
No dia 15 do mesmo mês, a
prefeitura formalizou o "termo de fomento" de R$ 8 milhões. Dados do
portal da transparência municipal mostram que Maceió já empenhou (etapa que
antecede o pagamento) para a escola quatro parcelas de R$ 1,6 milhão, somando
R$ 6,4 milhões.
Em nota, a prefeitura disse
que não utilizou verba de emendas parlamentares. "O investimento da
Secretaria teve por objetivo incentivar e fomentar a cultura local, bem como o
turismo na capital alagoana", disse o governo municipal.
O presidente da Câmara
afirmou, em publicação feita nas redes sociais, que o desfile era um
"momento histórico para a nossa capital e para o estado de Alagoas".
Lira também disse, ainda na
Sapucaí, ser torcedor da escola. "É a minha escola do coração. Sou
Beija-Flor desde criancinha. Sempre venho aqui, fico nos camarotes, mas é a
primeira vez que desfilo. E ontem estava em cima do trio elétrico de Bell Marques,
em Salvador.
"Questionado pela Folha,
no domingo (11), sobre a relação entre políticos e contraventores, o deputado
afirmou que a escola de samba é um movimento democrático.
"Os governos realizam
parcerias público-privadas, incentivam a cultura. Ninguém pode desconhecer que
a escola de samba é um movimento democrático. Independentemente de como chegou
até aqui, o Carnaval é fundamental da cultura brasileira", disse Lira.
Em agosto de 2023, o Tribunal
de Contas do Estado de Alagoas instaurou representação para avaliar
"eventual extrapolação de gastos" com o patrocínio direcionado à
Beija-Flor.
O processo questionava, entre
outros pontos, se havia verba suficiente no orçamento municipal para o turismo,
também a diferença de repasse para a escola de samba carioca e para as
agremiações de Maceió.
O órgão pediu explicações de
JHC. Também solicitou a íntegra dos processos relacionados ao patrocínio. Os
dados do TCE não mostram nova decisão sobre o processo.
Procurados, Lira e a
Beija-Flor não se manifestaram até a publicação deste texto."
O crescimento do turismo,
potencializado pela exposição da cultura da Cidade no desfile da Beija-Flor,
impacta positivamente o comércio e a renda de milhares de pessoas, sejam
ambulantes, motoristas de aplicativos, manicures dentre outros vários profissionais",
afirmou a prefeitura de Maceió.
Maior campeã da era
sambódromo, com 14 títulos, a Beija-Flor de Nilópolis foi segunda escola a
desfilar na noite de domingo (11). A agremiação homenageou Rás Gonguila —folião
do carnaval de Maceió nas décadas de 1920 e 1930 que afirmava ser descendente direto
do último imperador da Etiópia.