A denúncia se baseia em laudos periciais que demonstram que a quantidade de disparos efetuados pelos policiais militares (eles alegaram um total de quatro tiros à distância) e o local em que a vítima foi atingida divergem com o alegado por eles. As investigações apontaram que Lindomar foi encurralado em um cômodo externo de um bar localizado na BA-142 e foi executado com dez disparos de fuzil, alguns deles efetuados à curta distância, sem qualquer chance de defesa.
A vítima, de 15 anos, estaria fugindo desde a noite anterior de uma
perseguição policial à sua família, no entanto, não consta nenhum registro que
o adolescente tenha cometido qualquer delito que justificasse a busca policial
contra ele, que chegou a contar com quatro guarnições. A perseguição teria
começado após um residente negar abrigo ao jovem cigano e chamar a polícia,
evidenciando que os policiais já sabiam previamente a identidade do rapaz.
“Os denunciados tinham a intenção clara e evidente de executar a vítima,
considerando a desproporção da força utilizada pelos agentes públicos contra o
adolescente, os quais deveriam saber dosá-la, se realmente houvesse a intenção
de apenas se defender. Ademais, estavam em superioridade numérica e portavam
armas não letais capazes de imobilizar a vítima, facilitando a sua captura, sem
alcançar o resultado morte”, destaca a denúncia oferecida pela 4ª Promotoria de
Justiça de Brumado e pelo Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança
Pública (Geosp).
A perícia indica que o jovem recebeu dez tiros, sendo que pelo menos dois
foram pelas costas e que houve alteração da cena do crime com a retirada do
corpo de Lindomar, já sem vida, para forjar uma falsa prestação de socorro em
hospital da região.