"Ele foi criado no mato praticamente, ainda novinho ele já pegava
espingarda, passava dias no mato sozinho. Uma vez ele fugiu da cadeia e nós
fomos procurar ele dentro do mato. Eu bati de frente com ele e ele já estava
com o revólver na mão. Ele atirou em mim e eu consegui pular antes. Aí quando
levantei ele já estava dentro do mato de novo e não deu para eu atirar nele
mais", acrescenta Anderson.
O policial aposentado também fala do medo que a população sentia de
Lázaro. "Todo mundo tem medo dele. Na época, um povoado pequeno, o pessoal
abandonou as casas, todo mundo assombrado. Ninguém tinha paz. E o medo dele
voltar sempre ficou. Eu mesmo tinha medo, quando vinha para o meu sítio eu não
largava a minha arma", finaliza.
O irmão de Manoel, uma das vítimas de Lázaro em 2008, concorda com o
ex-policial. “Graças a Deus estamos livres desse aí, não vai ter mais gente
morrendo pelas mãos dele”. Pedro de Oliveira conta que estava na praça da
cidade, conversando sobre as buscas pelo criminoso, quando recebeu a notícia.
“Muita gente comemorou na hora, vibrando mesmo, dando graças a Deus. O
sentimento é de alívio, mas é um momento complicado porque a gente acaba
revivendo tudo o que aconteceu”, diz.
“O pessoal aqui está colado na televisão, mas eu não consigo assistir.
Foi muito sofrimento e ainda tem um trauma e isso tudo vem à tona agora. Ele
fez coisas terríveis e deve ter matado muito mais gente do que se sabe”, pontua
Pedro. O irmão de Manoel também ressalta o medo que todos na cidade cultivam
por Lázaro após tantos crimes. “Todo mundo estava com medo, tinha gente que nem
dormia. Não se falava em outra coisa, o medo de Lázaro dominou todo mundo
aqui”.
Mas esse sentimento também vinha acompanhado de outro: “Isso se
transformava em ódio. Eu sinto ódio. Mesmo quem não perdeu ninguém pelas mãos
dele sente também. Eu tenho certeza que todo mundo aqui queria tirar um
pedacinho dele porque é muita raiva. A gente pede a Deus que não apareçam
outros que nem ele. A gente quer ter paz”, diz.
Até mesmo Adriana, que conviveu com Lázaro em Barra do Mendes e é
apontada como paixão platônica dele, diz se sentir aliviada após a confirmação
da morte do criminoso. Ela revelou ao Balanço Geral que também temia que ele
voltasse à Barra do Mendes, tentando fugir da polícia de Goiás.
“Me sinto aliviada com a morte dele porque ele não vai destruir mais nenhuma
família. Aqui foram duas famílias destruídas em nossa comunidade e fora de
Melancia foram mais famílias. Agora estou me sentindo tranquila porque não
tinha mais paz, dormia direito com medo de dele vir pra Bahia e cometer mais
crimes bárbaros. Estava revivendo o que vivi no passado”, disse Adriana.
Ela foi salva por Carlito, um dos homens mortos por Lázaro em 2008. “Vivia
sozinha com meu filho e um dia, de domingo pra segunda, ele tentou invadir
minha casa e acabou matando uma pessoa que me socorreu. Fui salva por Deus e
por Carlito naquele momento de angústia. Nunca tive relacionamento nenhum com
esse homem. Acredito que, por morar só com meu filho, fui alvo dele, que queria
fazer algo ruim com a gente. Ele foi atrás de mim na casa de Carlito e, ao não
me encontrar, matou Carlito”, acrescentou.
Zilda Maria, tia de Lázaro Barbosa, contou ao portal G1 que ficou
sabendo da morte dele pelos jornais. Ela também é moradora de Barra do Mendes e
disse que, pelo celular, chegou a ver vídeos em que o criminoso aparece
baleado, com sangue no abdômen e rosto, sendo carregado por policiais.
"É uma coisa que a gente tem que se conformar, mas na hora que a
gente vê as imagens... Eu estou abalada. Ainda não sei como está a mãe dele,
mas ela não deve estar bem. Está com o celular desligado. Eu também não estou
legal com essa notícia, mas a gente tem que aguentar. A gente já sabia o final
dele, depois de tudo isso, mas a gente fica abalada do mesmo jeito. Ele
aprontou muito, cometeu crimes, mas é do nosso sangue. Em um momento da vida
ele foi uma pessoa querida, então a gente sente", disse.