A oito meses das eleições,
o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sido pressionado por ministros e aliados a
abandonar o discurso antivacina. Mais do que isso: pessoas próximas ao
mandatário querem que ele se vacine e exalte feitos do governo que possibilitaram
a imunização da população.
Aliados dizem acreditar que a condução do governo na pandemia é
o principal obstáculo do chefe do Executivo em busca da recondução ao Palácio
do Planalto. A aposta será tentar humanizar o presidente nos próximos meses.
Em dois anos, o Brasil ultrapassou a marca de 650 mil mortos
pela Covid-19.
Auxiliares próximos tentam convencê-lo de que ele já deu
publicidade às suas dúvidas quanto à eficácia da vacina, principalmente em
relação às crianças. Portanto, para eles, agora Bolsonaro deveria parar de
trazer o assunto à tona.
Até o ministro Paulo Guedes (Economia), que não é da área
política do governo, fez um apelo. Ele disse ao mandatário que pararia de
reclamar em público de propostas de reajustes para servidores públicos se Bolsonaro
encerrasse as críticas à vacinação.
Desgaste
O cálculo é eleitoral. A vacina, ao contrário do discurso do
presidente, teve ampla adesão na sociedade. Cerca de 70% da população
brasileira já completou o esquema vacinal.
Em entrevista ao jornal O Globo, o senador Flávio Bolsonaro
(PL-RJ), que coordena a campanha do pai, afirmou que o discurso a respeito da
vacina trouxe desgastes para Bolsonaro. Apesar dos apelos, o presidente costuma
ter uma postura reativa sempre que o assunto aparece. Pessoas próximas dizem
que ele se mostra impassível e até irritado quando levantam o tema.
Segundo relatos, já teria chegado a ele números que mostram um
alto percentual de seus eleitores favoráveis à vacinação. Auxiliares avaliam
que há um descompasso entre o que o governo tem feito e o que o presidente tem
dito.
Apesar do posicionamento antivacina de Bolsonaro, sua
administração já comprou mais de 500 milhões de doses, de acordo com
informações do Ministério da Saúde. Quem defende o silêncio de Bolsonaro nesse
tema diz acreditar que este é o melhor cenário, diante da dificuldade do
presidente em defender o imunizante, cuja eficácia já foi amplamente
comprovada. Outra ala mais pragmática de seus aliados condiciona qualquer
possibilidade de sucesso eleitoral à adesão do presidente à campanha de
vacinação.
(Fonte: Folhapress)